7.31.2007

Terceiro passo para quem procura a redenção: Martírio.

Você não deistiu tão fácil de levar uma vida honesta e digna, não é? Fique tranquilo que episódios como o da missa tendem a acontecer nas melhores famílias, e convenhamos, a sua não se encaixa nesse perfil.

Nada melhor para tomar um rumo na vida do que através do martírio. Claro que é espiritual, sua jega. Martírio com corrente, liga, chicote e coturno lá na minha casa é fetiche. O grande lance é espiar os pecados através do sofrimento amoroso. Afinal, o que pode ser mais puro que o amor platônico?

Primeiro: Arranje uma musa inspiradora inalcançável e inabalável. Uma filha da puta (desculpe, inferno astral) insensível para ser mais exato.
Segundo: Grude nela como chiclete, lhe mande flores, telefone de hora em hora, compre um livro que sabe que ela nunca vai ler, limpe o vidro do carro dela e coisas do tipo, até ela se encher de você e te presentear com a mais completa indiferença.

Terceiro: Monte um blog e sofra, mas com voracidade, como se a porra do mundo fosse acabar num mar de lágrimas. Presenteie seus amigos com guarda-chuvas.

Continue assim por alguns anos, creio que uns dez basta. Aos poucos vá parando de comer e beber, caia de febre na cama. Quando ela vier lhe ver no leito, conte como foi dura sua vida sem ela e como poderiam ter sido felizes juntos. Morra.

Pronto você comprou seu lugar no céu.

7.27.2007

Ok. Sexta-feira. Frio. Cachecol. Cerveja gelada ou chocolate quente? Tanto faz. Hasta siempre, ma beibe.

7.26.2007

Hoje estou com uma vontade de fazer arte...

7.23.2007

Redenção: 4º ato.

Nunca dê risada do coroinha, mesmo ele sendo namorado do padre não quer dizer que ele queira entrelaçar a fé dele com a sua. O que o padre guarda embaixo da batina é confidencial, e qualquer manifestação de vida sob a mesma é puro fervor de fé. Não adianta, a tecladista não vai tocar um ritmo mais caliente durante a missa. Haja o que houver mantenha-se sério e lembre-se, anões não são hereges e tem lugar garantido no flanco divino.
Existe ainda a opção do depósito em conta, você não precisa ir a missa e tem lugar garantido no céu, além de poder ter um padre e um coroinha só pra você. Meus pecados eu pago no débito em conta, e minha casa está cheia de freiras. Nada melhor.
Segundo passo de quem procura a redenção: A Missa.

Não desista apenas por que o lance da igreja evangélica não deu certo, às vezes somos rigorosos demais conosco. Partindo do princípio que se arrepender já é um princípio, comece pelo básico e passe a frequentar a missa dominical como todo bom cristão.

Procure sentar em uma fileira do canto, pecador tem cara de pecador, por isso evite se sentir um peixe fora d'agua e fique na sua. Daí em diante é só seguir o enredo e cantar qunado todo mundo canta, rezar quando todo mundo reza e sentar quando todos ajoelham. Cochilar não é de bom tom.

Nota: caso lhe dê sede no meio da longa hora e meia de missa, lembre-se que aquilo em cima da "mesa" no centro da igreja não é um "copo de viado" e sim um cálice; dentro não tem água e sim vinho; e o "filho da puta" de branco tentando tirá-lo da sua mão é o padre.

7.20.2007

Primeiro passo de quem procura redenção: Entrar na igreja evangélica mais próxima de onde estiver e se arrepender dos anos de depravação, pecados mortais e desencaminhamento.

Ajoelhe-se perante a obreira que vier te recepcionar e se confesse fervorosamente, começe com um velho "eu preciso de ajuda" e parta para aquele papo de como o mundo pode ser um lugar ruim. Elas tendem a ser extramente compreensivas.

Nota: Se a obreira em questão for alta, morena e com corpo escultural evite olhar para as pernas dela, frases como: "Jesus! Tira dela essa saia" e coisas do tipo. Se não conseguir evitar, ela gosta de Marisa Monte e só bebe whisky cowboy. Flores ajudam.

7.19.2007

Assim, cansei dessa coisa de orgias diárias e porres homéricos, de hoje em diante sou crente...

7.10.2007

O que você está procurando? Vem cá, me diz baixinho, juro que não conto para ninguém.

O MISTÉRIO DO CAVALO DE ÉDIPO

Édipo amarrou o seu cavalo? Perguntou a Medusa para Édipo:— Escuta aqui, você viu bem onde amarrou seu cavalo? (O cavalo era um Pegasozinho meio de quinta. Mas com asas.)— Hein? — resmungou Édipo, as rédeas ainda na mão.— Não faz o distraído comigo que eu te petrifico, viu? — grito a Medusa, que era muito temperamental. — Te conheço não é de hoje.— Saco — murmurou Édipo. — Sempre onipotente. Medusa ficou uma fúria:— Olha nos meus olhos já! — ordenou. — Direto nos meus olhos, seu panaca. Ela olhou fundo nos olhos dele. As cobrinhas da cabeça ficaram em pé. — Considere-se petrificado.— Naja idiota — bocejou Édipo. — Não vê que sou cego? Medusa bateu na testa:— É mesmo! Por Juno, eu tinha esquecido. Sei, sei. O enigma, Tebas, Jocasta, aquela baixaria toda. Cuspiu de lado: — Tarado. Édipo ia reagir quando chegou Perséfone: percebeu pelo excesso de perfume no ar. Sim, pensou, Perséfone tinha mesmo ficado meio tang demais depois de superada aquela horrível fase darkno Hades.— Édipo, meu gato! — ela gritou. — Nossa, quanto tempo. Desde aquela tarde em Elêusis, quem diria? — Começou a falar outra abobrinha qualquer, mas interrompeu-se com um grito: — Por Palas-Atena, baby: Você viu bem onde amarrou seu cavalo?— Perua! — interrompeu a Medusa. — Eu já dei o toque pra ele. Perséfone fez que não ouviu. Já tinham rolado uns lances entre elas no verão passado, em Creta (Medusa calçava bico largo). Super-heavy: Perséfone preferiu tirar o time. Mais ainda depois que conhecera Teseu, na musculação. Insistiu, como se Medusa não existisse:— Mas me diz, meu bem: você viu onde amarrou seu cavalo?— Eu não vejo, pô — rosnou Édipo. — E você que vê, por Cronos, poderia me fazer o enorme favor de dizer, Parcas, onde...Perséfone era muito dispersiva. Nesse momento olhou para cima e viu o inconfundível acrílico da asa-delta de Ícaro. Chamou:— Ícaro! Ícaro, desça já-já aqui, seu piradinho! Ícaro desceu. Não porque tivesse ouvido (ao voar, usava sempre headphones com som de Phillip Glass: dava o maior clima), mas por coincidência tinha olhado para baixo e visto os três. Quatro com Pégaso.— E aí, lasanha? Dando banda? — Perséfone era demais galinha.— Estou procurando Apoio — respondeu Ícaro, muito digno. Baixo-astral como era, Medusa não perdeu a oportunidade:— Apolo? Acabei de vê-lo com Narciso, nos Jardins com as Hespérides. Aliás, nunca vi Narciso tão bonito. Herítia apresentou uns pomos pra eles, e você precisava ver, que gracinha, Apoio dando pedacinhos pra ele...Ícaro ficou lívido. Estava a ponto de rodar a cariátide quando Perséfone, diplornatiquérrima (era Libra), cortou:—Você conhece Édipo, Ícaro?— Prazer — disse Ícaro, estendendo a mão. — Ícaro.— Édipo — disse Édipo, uma mão nas rédeas, outra tateando no ar. — Escuta, você não é o filho de Dédalo?— Você conhece meu pai? Ele... — Ícaro parecia encantado, mas interrompeu-se com um grito: — Por Vulcano, Édipo! Você viu bem onde amarrou seu cavalo? Foi então que Édipo sacou que a situação era realmente grave. Soltou as rédeas e disse aquela frase que acabou entrando para a História: — Por Zeus, vocês que vêem querem parar com essa galinhagem e me dizer de uma vez por todas: onde foi que eu vim amarrar meu cavalo?
Pequenas Epifanias - Caio Fernando de Abreu

7.06.2007

Isso resume tudo. Transeuntes perdidos em seus próprios interesses circulando descompromissadamente pela cidade. Executivos, viciados, trabalhadores, vagabundos e putas tristes. Não importa quem, no final todos fazemos parte dela, movidos e alimentados por sua virulenta rotina que nos sufoca. Sufoca como a amante ciumenta. Ama e aprisiona. Oferece seu sexo, seu cheiro de vinho barato em troca de nossa liberdade. Sonho, delírio e desejo, nada mais. Ninguém mais. Viemos a ela e dentro dela nos perdemos entre seus rios, pontes e viadutos pichados com palavras ordinárias. Atraídos por sua mágica amamos e nos perdemos, sem inocência, sem remórsos ou mágoas.

Sexo e luzes. Quantas histórias você não guarda em suas esquinas? “Heavy Sampa”, diria alguém que gosta de Caio.

7.05.2007

pois dou a minha bunda à tapa!!!! aliás, minha cara!

7.04.2007

Meio abandonada a coisa por aqui, hein? Algo como um monólogo a três... um threesome? Hummm! coisa de louco, meu amor.

Apesar de eu preferir em francês, que é muito mais chique.